O jardim secreto de cada um
Há dentro de todos nós
essa necessidade de ter em
algum lugar nosso jardim secreto,
não onde vamos
confinar nossos segredos,
mas onde
podemos ter um encontro
real e exclusivo conosco.
Umas pessoas sentem mais essa
necessidade que outras,
mas estar consigo de vez em quando,
interiorizar-se,
colocar ordem nos pensamentos
ou simplesmente abandonar-se,
é vital ao equilíbrio de todos nós.
Em todo relacionamento
onde o amor existe,
esse espaço deve ser conservado
como o limite de cada um.
Os relacionamentos fusionais
que ultrapassam essas barreiras
acabam por destruir-se,
pois amar é também respeitar
que a outra
pessoa tenha seu recanto,
seus pensamentos e,
por que não,
seus próprios amigos,
próprias idéias e sonhos.
As pessoas não precisam
estar juntas cem
por cento do tempo para
provarem que se amam.
Elas se amam por que
se amam e pronto.
Dar ao outro um pouco de espaço,
um pouco de ar para respirar,
é dar-lhe também a
oportunidade de sentir falta
de estar junto.
E isso vale tanto para os amores
como para as amizades.
As cobranças intermináveis,
resultados de carências afetivas,
acabam por sufocar a outra
parte e cria na que pede,
espera, implora,
ansiedades que a tornarão infeliz,
pois ela verá como desamor
qualquer gesto que não
corresponda ao que espera.
Amar é deixar o outro
livre para ficar ou para se retirar.
É respeitar seu silêncio
e seu desejo de solitude.
E é deixá-lo livre para ir e
voltar quando o coração pedir,
que isso seja numa cidade
ou dentro de uma casa.
Nada impede que um grande
e lindo jardim seja construído
juntos e que de mãos dadas
se passeie por ele,
com o peito cheio de
felicidade e a cabeça cheia de sonhos...
mas ainda assim,
o jardim secreto de cada
um deve ser mantido como
lugar único e que vai,
no fim das contas,
enriquecer as relações.
TEXTO: Letícia Thompson
* * * * *
Texto lido no programa
"Madrugada Viva Liberdade FM"
no quadro
"Momento de Reflexão"
no dia 14 de Maio de 2.013.
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