Estranho tempo
Estranho tempo
em que
temos tantos aparelhos
para ganhar tempo,
e não temos tempo para
contemplar o simples,
o que é belo...
Estranho tempo
em que pessoas
decidem levar vantagens
sobre as outras,
e dizem que se amam,
que se respeitam...
Estranho tempo
onde a estação de
frio tem calor,
e na de calor esfria.
E as pessoas acham
tudo lindo,
de acordo com suas
conveniências.
Estranho tempo
onde as mentiras
parecem verdades
absolutas,
e muitas verdades já
são consideradas
mentiras.
Estranho tempo
onde se diz
"eu te amo"
com tanta facilidade,
que às vezes não dura dois
cliques do velho mouse...
Estranho tempo
onde ser feliz é
"possuir", é o "ter",
até a dor nos visitar
e lembrar-nos que
é preciso
"ser".
Estranho tempo
onde não conversamos,
teclamos.
Já não fazemos amor,
sensualizamos.
Já não nos beijamos
apaixonadamente,
trocamos de boca.
Já não temos tempo para
um banho demorado,
nos lavamos.
E no meio de tantos
desencontros,
almas aflitas gritam
no meio da depressão
que nos consome,
buscam carinho.
Carinho que se perdeu
na troca fria de
mensagens...
Estranho tempo,
onde temos saudades do
que ainda não vivemos.
TEXTO DE: Paulo Roberto Gaefke
* * * * *
Texto lido no programa
"Madrugada Viva Liberdade FM"
no quadro
"Momento de Reflexão"
no dia 26 de Julho de 2.014.
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