O Colecionador de Dias

Temos uma compulsão para colecionar.
Parece que temos dificuldade
de nos desfazer daquelas coisas que fizeram,
de alguma forma,
parte do sentido que a vida nos teve
num determinado momento.

Uns têm sótãos cheios;
outros, álbuns; outros,
a garagem cheia de carros antigos.
Vovó sempre dizia:
“quem guarda tem”.

Insegurança? Avareza?
Espírito empoeirado?
Não sei.

Depende do papel que essas coisas
desempenham em nossas vidas.
Elas podem nos tornar avarentos,
saudosistas,
retrógrados ou sábios.

O salmista nos fala de um colecionador de dias.
Pede a Deus que possa relacionar-se
com seus dias de tal forma que eles
o façam melhor à medida que o tempo passa.
Como pode ser isso?

O colecionador de dias pode
ser um pródigo néscio:
gasta tudo o que tem,
sem priorizar importâncias e valores.

Acaba trocando o importante pelo urgente.
Ele nunca tem tempo para
nada e sempre é surpreendido pelo relógio.

E o que é pior:
no final do ano,
descobre que nada fez
de importante.

Por outro lado,
o colecionador de dias pode ser um sábio,
quando conhece cada figurinha
de sua coleção,
bem como seu valor;
quando aprende com as lições de seus dias,
não precisando cair de novo no mesmo erro;
quando aprende a viver cada dia
como se fosse único;
quando preza seus dias,
mas sem avareza,
sendo capaz de gastá-los
também em folguedos.

O colecionador de dias é um sábio
quando seu álbum não revela muitos
espaços vazios ou uma capa cheia
de inúteis duplicatas.

Texto retirado de
“Devocionais Para Todas as Estações”
(Editora Ultimato, 2005).
Fonte: http://www.ultimato.com.br/
* * * * *
Texto lido no programa
"Madrugada Viva Liberdade FM"
no quadro
"Momento de Reflexão"
no dia 25 de Fevereiro de 2.009.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Não desista!

Ser alguém

Responsabilidade afetiva