Coração de Natal ...

Vejo o movimento das ruas,
das lojas,
a decoração de Natal,
a ansiedade das crianças...
mas nada é como antes.

Por mais que me esforce
para dizer que é Natal,
é difícil ver o verdadeiro partilhar,
com poucas exceções.

Mesmo as ceias são caladas,
cada um centrado em seu íntimo,
seus problemas.

Até as alegrias são as que
podemos chamar de egoístas.
Alegria egoísta existe?

Claro que sim...

Nunca vimos alguém gritando
aos quatro cantos que é feliz.

Até a felicidade se guarda,
hoje...

Ter um Coração de Natal
é o gesto simples que
fazemos durante o ano inteiro...

Até um pacote de açúcar
ou café faz muita gente sorrir.

Penso demais
nos velhinhos abandonados.
Conheço alguns que ainda sustentam
famílias inteiras.
Fico me lembrando de uma
estorinha que li quando criança.

Havia uma família que tinha
dois filhos e o vovô
morava com eles.
As refeições eram feitas à mesa,
mas o vovô recebia seu
alimento numa
tigelinha e era colocado
sentado na área,
num banquinho que mal lhe
cabia o corpo.

Um dia,
o netinho perguntou ao avô:
- Vô, por que o senhor fica aí,
separado da gente?
- É aqui o meu lugar,
meu querido neto.
Eu agora sento-me exatamente no
banquinho que tem o
tamanho do meu valor.

No Natal eu vou ganhar
um lugar à
mesa com todos vocês.
É assim há muitos anos!

Passei muito tempo para entender...
Eu era criança.
Hoje eu entendo.
Ter o Coração de Natal o ano
inteiro é privilégio raríssimo
de poucos...
a cada dia,
menos!

TEXTO: Sunny Lóra
* * * * *
Texto lido no programa
"Madrugada Viva Liberdade FM"
no quadro
"Momento de Reflexão"
no dia 22 de Dezembro de 2.009.

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