SAUDADE...

“Em alguma outra vida,
devemos ter feito algo muito grave,
para sentirmos tanta saudade...
Trancar o dedo numa porta doí.
Bater o queixo no chão doí.
Doí morder a língua,
cólica doí, doí torcer o tornozelo.
Doí bater a cabeça na quina da mesa,
carie doí,
pedras nos rins também doí.

Mas o que mais doí é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma brincadeira de infância.
Saudade do gosto de uma fruta
que não se encontra mais.
Saudade do amigo imaginário
que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade de nós mesmo,
o tempo não perdoá.
Mas a saudade mais dolorida é a
saudade de quem se Ama.

Saudade da pele, do cheiro,
dos beijos.
Saudade da presença,
e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ele no quarto,
sem se verem,
mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista
e ele para a trabalho,
mas sabiam-se onde.

Você podia ficar sem vê-lo,
e ele sem vê-la,
mas sabiam-se amanhã.
Contudo,
quando o Amor de um acaba,
ou torna-se menor no outro.
Sobra uma saudade que ninguém
sabe como deter.
Saudade é basicamente
não saber.

Não saber se ele continua fungando
num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer
a barba por causa daquela alergia.

Se aprendeu a entrar na internet,
se aprendeu a ter calma no trânsito.
Se continua preferindo cerveja
a uísque (e qual a cerveja)
Se continua sorrindo com aqueles
olhos apertados,
e que sorriso lindo.

Será que ele continua cantando
aquelas mesmas musicas tão bem
(ao menos eu admirava)?
Será que ele continua fumando e se
continua adorando Mac Donald's?

Será que ele continua não
amando os livros,
e ela cada vez mais?

E continua não gostando de dar
longas caminhadas,
e ela não assistindo televisão?

Será que ele continua gostando
de filmes de ação,
e ela de chorar em comédias.
Será que ela continua lendo
os livros que já leu?
Será que ele continua tossindo
cada vez que fuma?
Saber é não saber mesmo!!!

Não saber o que fazer com os
dias que ficaram mais longos,
não saber como encontrar tarefas
que lhe cessem o pensamento.

Não saber como frear as lágrimas
diante de uma música,
não saber como vencer a dor de um
silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer
saber se ele está com outra,
e ao mesmo tempo querer.

É não saber se ele está feliz,
e ao mesmo tempo perguntar a
todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está
mais magro,
se ele está mais belo.

Saudade é nunca mais saber de quem
se Ama e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti(e sinto)
enquanto estive escrevendo
e o que você (deveria)
provavelmente estar
sentido agora
depois que acabou de ler.”

Quem inventou a distância nunca
sofreu a dor de uma
saudade!!!

TEXTO: Martha Medeiros
* * * * *
Texto lido no programa
"Madrugada Viva Liberdade FM"
no quadro
"Momento de Reflexão"
no dia 07 de Junho de 2.012.

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