Sobre o vazio...

Passei muito tempo tentando
“suprir meus vazios”
até descobrir que o que
apertava o meu peito era a
quantidade de entulhos
emocionais que eu carregava.

Eu precisava era do vazio
para me sentir internamente arejada
e com bastante espaço para crescer.
A angústia não é um vazio,
é uma corrente que se arrasta.

O vazio é uma possibilidade,
uma lacuna a ser preenchida,
um espaço
para uma decoração nova.
Precisamos de páginas
em branco para
que nasçam poemas,
de recipientes disponíveis,
de um coração espaçoso,
de uma alma livre,
de uma mente aberta.

O vazio só existe
para os desapegados,
para os que suportam e celebram
o silêncio que possibilita-nos
ouvir os sussurros da intuição
e não os gritos infantis
dos desejos imediatos.

O vazio é uma esperança maciça.
Ele não é apenas a falta
que nos move e motiva,
mas a lembrança mais genuína
de que somos seres inacabados
e que precisamos
nos construir diariamente,
incansável e eternamente.

O vazio não é um abandono de si,
é um reconhecimento do eu,
um convite para o Outro,
algo que deve ser preenchido
temporariamente,
dentro do mesmo movimento
 humano de acordar sempre
um desconhecido.

O vazio é uma curiosidade
 que ainda não foi desvendada.
É ter braços livres para o abraço
que acabará daqui a pouco,
mas que ecoará constantemente
na lembrança mais bonita.
Porque no toque intenso,
o afeto estava leve.

TEXTO DE: Marla de Queiroz

* * * * *
Texto lido no programa
"Madrugada Viva Liberdade FM"
no quadro
"Momento de Reflexão"
no dia 27 de Fevereiro de 2.015.
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