Sensibilidade

Ser sensível nesse mundo
requer muita coragem.
Muita. Todo dia.

Esse jeito de ouvir
além dos olhos,
de ver além dos ouvidos,
de sentir a textura
do sentimento alheio tão
clara no próprio coração
e tantas vezes até doer
ou sorrir junto com
toda sinceridade.

Essa sensação,
de vez em quando,
de ser estrangeiro e não
saber falar o idioma local,
de ser meio ET,
uma espécie de sobrevivente
de uma civilização extinta.

Essa intensidade toda
em tempo de ternura minguada.
Esse amor tão vívido
em terra em que a maioria
parece se assustar mais com
o afeto do que com
a indelicadeza.

Esse cuidado espontâneo
com os outros.
Essa vontade tão
pura de que ninguém
sofra por nada.

Esse melindre
de ferir por saber,
com nitidez,
como dói se sentir ferido.

Ser sensível nesse mundo
requer muita coragem.
Muita.
Todo dia.

Essa saudade,
que faz a alma marejar,
de um lugar que não
se sabe onde é,
mas que existe,
é claro que existe.

Essa possibilidade
de se experimentar a dor,
quando a dor chega,
com a mesma verdade com
que se experimenta a alegria.

Essa incapacidade
de não se admirar com
o encanto grandioso que
também mora na sutileza.

Essa vontade de espalhar
buquês de sorrisos por aí,
porque os sensíveis,
por mais que chorem
de vez em quando,
não deixam adormecer
a ideia de um mundo que
possa acordar sorrindo.

Pra toda gente.
Pra todo ser.
Pra toda vida.

Eu até já tentei ser diferente,
por medo de doer,
mas não tem jeito:
só consigo ser igual a mim.

TEXTO DE: Ana Cláudia Jácomo
* * * * *
Texto lido no programa
"Madrugada Viva Liberdade FM"
no quadro
"Momento de Reflexão"
no dia 25 de Abril de 2.016.
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