“Às vezes, não conseguir o que você quer é uma tremenda sorte”

Gosto muito de uma frase do Dalai Lama que diz mais ou menos assim: “Às vezes, não conseguir o que você quer é uma tremenda sorte”. 

Minha avó costumava dizer algo parecido, ao sempre me lembrar para ter muito cuidado com aquilo que eu pedia, porque meu desejo poderia se realizar. Já pensou se tudo o que tanto desejamos num passado talvez não muito distante tivesse realmente acontecido? 

Será que continuaria fazendo sentido pra gente hoje?

Depois de tudo o que você viveu, sabendo de tudo o que você sabe agora, será que a melhor coisa que te aconteceu não foi justamente não ter dado certo o que você tanto queria?

Ando pensando muito nisso ultimamente. Em como o aparente fracasso pode ser exatamente aquilo que a gente precisava para dar uma guinada na vida, olhar o mundo com outros olhos, agir de uma outra maneira, entende? Em como o “não deu certo” pode ser uma nova oportunidade para rever pensamentos e comportamentos, a luzinha no fim do túnel, um novo sopro de esperança quando você achava que já não tinha mais ar.

Por quantas vezes nos revoltamos diante de um “não” da vida que, mais tarde, descobrirmos ter sido um verdadeiro livramento?

Sabe-se lá o que teria nos acontecido caso o nosso desejo tivesse sido atendido naquele momento, não é verdade? Um voo que você perdeu e que se transformou em tragédia; a promoção que não veio, mas que te fez ir atrás de novas e muito melhores oportunidades; a pessoa que você amava e que não te correspondia, mas que não era nada daquilo que você imaginava ser; a demissão que parece ter te tirado o chão naquele momento, mas que, mais tarde, te deu asas.

O Universo sabe exatamente do que a gente precisa, mesmo que às vezes escreva por linhas tortas e curvas, mesmo que às vezes desarrume todas as nossas gavetas e troque todas as nossas certezas de lugar.

Existe uma linha tênue entre desistir antes da hora e insistir quando já não faz mais sentido, quando a luta já faz mais mal do que bem, quando já machuca de um jeito que não tem mais por que continuar. 

Nessas horas, quando o encanto acaba e a gente já não consegue mais ver um motivo forte o suficiente pra persistir, o melhor mesmo é encerrar esse ciclo. Deixar ir. Porque acredito piamente que todo “não” da vida é, na verdade, um belo e gigantesco “sim”.

A nossa melhor versão não tem a ver com o resultado conquistado, mas com ter sido por inteiro, da melhor maneira que a gente pôde ser. E com entregar, aceitar, confiar e agradecer pelo que vier, como bem dizia o professor Hermógenes, porque Deus, o Universo, essa força maior – ou como você queira chamar – não trabalha com o acaso. 

Não existe aleatoriedade nas leias da vida. Tudo o que nos acontece tem uma razão de ser.

Se o que você tanto deseja ainda não se realizou, apesar de tanto esforço da sua parte, acredite: o melhor ainda está por vir. Não aconteceu porque a vida é má. O seu pedido não foi atendido justamente porque o Universo está cuidando direitinho de você. Foi para o seu bem.

Tem sempre uma coisa boa pra acontecer na vida da gente, mesmo que seja difícil de entender ou de aceitar quando ela vem acompanhada da rejeição, da não aceitação, do não dar certo.

Sabe, deu certo, sim.

Às vezes, quando olho pra trás, revendo algo que eu tanto desejava, eu paro e penso: ainda bem que não consegui aquilo.

É isso.

Se não deu certo, era porque não era pra ser.

Talvez você se revolte agora, mas, acredite: num futuro, talvez mais próximo do que você imagina, você vai entender por quê. E vai agradecer.

TEXTO DE: Ana Paula Ramos
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Texto lido no programa "Madrugada Viva Liberdade FM" no quadro "Momento de Reflexão" no dia 16 de Março de 2.017.
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