Aprendi a crescer por causa da vida. Fui lá e fiz! A vida agora me respeita. E fez de mim, gigante!

Eu cresci. Não, não, não estou falando da contagem dos anos. Virei um gigante. A vida disse pra mim, como disse pra você também: "vai lá e faz". . Eu fui. E fiz. Agigantei-me pra vida. Mostrei que não tenho medo de apanhar, que ela pode me dar a prova que for, eu sangro e cumpro.

Não sabia que apanharia tanto, nem que sangraria assim.

Não tô reclamando, não. É só que. Eu sinto uma dor nas costas às vezes. Você sente também? Eu sinto o coração queimar, parece que vai parar a qualquer momento. Mas o danado cisma em bater sem parar e pela manhã acorda cheio de olheiras, com cara de ressaca, cara de quem apanhou a noite toda.

Mas sou um gigante. Já avisei pra ele (meu coração) que coração de gigante, coração gigante é. Cansa, apanha, mas segue. Sou gigante. Não ganhei kit de sobrevivência na batalha com a vida, então fui crescendo. Mas agora já não caibo quase em lugar nenhum e quase todo mundo se espanta com meu tamanho.

Não uso grilhões. Amarra nenhuma. Não sento na calçada com a mão estendida para o trocadinho. Não sou orgulhosa nem egoísta, mas é que aprendi a crescer por causa da vida e agora sou assim, um gigante.

Às vezes parece que ficou difícil essa vida de gigante, pra mim. Não sei esperar construírem minha casa, porque eu aprendi a fazer isso sozinha conforme ia crescendo e tomando esse tamanho tão particular.

Não sei esperar que me alimentem, porque minha fome era gigante e eu tive que saber produzir alimento suficiente para saciá-la. Não tenho paciência pra nada. Mas a culpa é da vida, que quando me via esperando por alguém vinha cheia de dedos, falando: Vai lá e faz, você! Sozinha!

Eu fui. Não podia esperar nada nem ninguém, não era alternativa válida pra mim.

Então fiquei assim. Gigante. E eu assusto as pessoas. Outras me seguem porque todo esse tamanho as faz sentirem-se seguras. Algumas querem cuidar de mim. Mas sou gigante, acho que não sei deixar que façam isso.

Tudo culpa da vida que nunca permitiu, sempre de dedo dizendo: Vai lá e faz!

Eu fui. E fiz. Sempre sozinha. Sozinha por tempo demais para agora não ser mais só. É que sozinha não quer dizer solitária, entende? Mas gosto de ter companhia quando estou sozinha. Uma companhia que aceite meu gigantismo. Por que tem sempre alguém achando que sou a Alice e vou tomar aquela fórmula de encolher?

Não lembram que ela encolheu tanto que escorreu pelo buraco da fechadura?

Não quero escorregar da vida. Também não queria ser gigante, não. Mas sou.

Espere um pouco! Tá vendo ali? Bem ali, naquele horizonte? Acho que é um espelho côncavo.

A vida toda achei que era um gigante. Mas sou só uma pessoa projetando uma imagem maior de si para a vida.

Ela (a vida) agora me respeita. E fez de mim, gigante. Não sabe que sou o reflexo num espelho côncavo. Não sabe que sou só um reflexo. Não sabe que sou só. Não sabe que sou. Uma pessoa comum, agigantando-SE para ela, só, para sobreviver.

TEXTO DE: Luciana Marques
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Texto lido no programa "Madrugada Viva Liberdade FM" no quadro "Momento de Reflexão" no dia 01 de Setembro de 2.017.
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