Perdoar não é esquecer: é livrar-se de pesos que não são seus e seguir em frente…

Você tem o hábito de perdoar ou é um colecionador de mágoas, daquelas pessoas que vivem revivendo fatos/sentimentos/decepções?

Aliás, você sabe o que é o perdão? Como você o define e como você o pratica? Você acha que o perdão tem a ver com você, ou com o outro?

Neste texto, eu darei uma opinião pessoal sobre o assunto.

O perdão não é livre de consequências!

Muito se fala em perdoar, mas acredito que existam muitos significados particulares para o tal chamado “perdão”.

Eu particularmente não consigo ver o perdão como uma forma de amnésia momentânea.

Perdoar não é esquecer. Perdoar é aprender a lidar, é deixar de gastar tempo e energia com fatos e pessoas que não valem a pena, é seguir em frente e livrar-se de pesos desnecessários e que não são seus.

Sempre me incomodou muito (e ainda incomoda) a visão de que se você perdoa uma pessoa, você precisa mantê-la por perto ou na sua vida. Obviamente, depende do que aconteceu, do vínculo, da importância e do que esta pessoa representa para você, mas, de forma geral, se uma pessoa lhe causou danos, eu não considero nem saudável manter essa pessoa por perto.

É claro que existem situações corriqueiras de convívio, e eu não estou me referindo a elas. Estou falando do que é danoso, de pessoas danosas. Pessoas que, só de frequentar o mesmo ambiente poluem, intoxicam.

Existem pessoas que nos magoam, traem, que tramam e trapaceiam para nos prejudicar de muitas formas, e eu acredito que, muitas vezes, o mais saudável é manter-se distante. Completamente. Contato zero.

Pessoas tóxicas intoxicam. Manter contato com pessoas tóxicas é como ser fumante passivo – você acaba inalando a fumaça, intoxicando-se, também.

Ficar (e permanecer) longe não é egoísmo, é preservar a sua própria saúde mental.

Porque você sabe que se ficar por perto, vai acabar sendo um alvo. E em algum momento vai querer revidar, porque, por mais controlado ou espiritualizado que você seja, você não tem sangue de barata e, em algum momento, pode deixar-se levar pela emoção e acabar perdendo a razão.

Afaste-se de quem o tolera! Fique perto de quem gosta da sua companhia!

Não importa se é seu parente, parente do seu cônjuge ou seu ex melhor amigo de infância, a regra é simples: se você está em um ambiente em que você não é querido, e sim, apenas tolerado, mova-se e vá para outro lugar! Com certeza existem pessoas que fazem questão da sua companhia!

Passamos muito tempo tolerando pessoas, seja na faculdade, no trabalho, no dia a dia. E obviamente não vamos amar todas as pessoas que nos rodeiam e gostar da personalidade de todas elas. Isso é normal. Não precisamos gostar de todos, precisamos apenas, respeitar a todos.

Mas quando você pode escolher, na sua vida particular, você não precisa ser tolerado e nem tolerar a presença de ninguém. Você pode escolher ficar perto de quem soma, trata bem, faz questão da sua presença.

A vida é curta demais para gastar tempo e energia com pessoas com quem não simpatizamos e não simpatizam com nós.

E o que o perdão tem a ver com isso? Perdoar não significa querer manter por perto!

Eu, por exemplo, perdoei todas as pessoas que me fizeram muito mal, ou me causaram danos, mas não as mantenho por perto. Porque existem pessoas que me fazem bem e somam. Ao contrário delas. E, provavelmente, até o final da minha vida existirão mais pessoas nessa lista, dos excluídos. E eu não hesito em deletar.

E isso não tem a ver com intolerância. Porque nenhuma das pessoas que eu deixei pra lá foi por algo corriqueiro, e sim por coisas graves. Questões de caráter e de índole. E essa, pra mim, é a grande cereja do bolo: A atitude de uma pessoa, muitas vezes, é só a consumação de um ato que foi tramado há tempos em sua mente e seu coração.

Você pode perdoar o ato de uma pessoa, mas mesmo que o seu perdão anulasse aquele fato, ela não anularia a índole e o caráter alheio. Ou seja, é muito além do que a pessoa faz, tem a ver com quem ela é!

O perdão não tem nada a ver com o outro, tem a ver com você. Perdoe e seja livre!

Perdoar a outra pessoa, talvez seja uma forma de se desligar dela. É como se você rompesse o fio que liga vocês dois. É se permitir seguir adiante sem levar pesos que não são seus.

No final das contas, as mágoas prejudicam a nós mesmos. Uma coleção de mágoas pode nos tornar pessoas amarguradas, frias, incrédulas. Elas nos corroem, levam o brilho dos nossos olhos, a nossa esperança, a nossa fé.

Mágoas são bichinhos que vão crescendo e, quando alimentadas, podem tomar proporções gigantescas. E adivinha quem “paga o pato”? Você. Eu. Nós mesmos. Pagamos por algo que não plantamos, simplesmente por não conseguir nos desvincular de nossas mágoas.

Esse é outro fator importante: Não nos apegarmos às nossas mágoas. Porque se as alimentamos,  criamos vínculos com elas. E se há vínculo, há força.

As coisas por si só não tem importância, nós é que damos importância para elas. O ideal é colocar energia no que faz bem, no que nos move, acrescenta e alegra.

Gosto muito de uma frase do Jean Paul Sartre que diz o seguinte: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.”

CONCLUSÃO. E para finalizar, deixo duas perguntas para autoreflexão:

O que você está fazendo com o que fizeram de você?

Você está perdoando e seguindo em frente, ou está canalizando as mágoas contra si mesmo?

TEXTO DE: Jóice C. Bruxel
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Texto lido no programa "Madrugada Viva Liberdade FM" no quadro "Momento de Reflexão" no dia 03 de Novembro de 2.017.
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